quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pai, o Ézio vai jogar?

     

Pai, o Ézio vai jogar?

 - Vai ter Fla-Flu, filho.

- O Ézio vai jogar, pai?

- Vai jogar.


A criança se enchia de esperança às vésperas do Clássico das Multidões. Pouco entendia sobre futebol. Impedimento era coisa de outro mundo. Não tinha noção alguma do que era tática. 4-4-2, 3-5-2 (Dá-lhe Lazaroni!), 4-2-4. O negócio daquele garoto de 7, 8 anos era ver a bola na rede.

E quando o pai anunciou que Ézio, o super-herói que vestia grená, verde e branco, enfrentaria o Flamengo, o time da mamãe, o garoto ficava tranquilo. Afinal, o progenitor avisara: "Ele sempre faz gols no Fla".

O menino não tinha dúvidas. Se o pai garantiu que Ézio balançaria as redes do Urubu era batata! Raramente ía aos Fla-Flus. Lá pelo início da década de 90 a violência nos estádios afugentava as crianças dos estádios. Muito, mas muito pior do que hoje.

- Ele joga bem, pai?

- Não, filho. Não é tão bom, mas faz muitos gols, principalmente no Flamengo.


Era o que bastava. Em épocas de vacas magras, o deleite da moleque era os gols de Ézio nos rubro-negros. Nem sempre via os jogos, apesar de se amarrar nas narrações de Januário de Oliveira: "E o gooooooollll".

O garoto cresceu. Prestes a completar 26 anos, perde um de seus heróis. Para ele, o camisa 9 era quase como um personagem de desenho animado. "Contra o mal, o bem sempre irá triunfar".

Não era o maior ídolo dele. Nem tinha. Nem sabia o que era ídolo. Mas sabia quem garantia a felicidade do lado tricolor da família.
Obrigado, Ézio!

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