domingo, 18 de setembro de 2011

PROFESSORES VERSUS VEREADORES


 Por Neto Pimentel


Desde os tempos de Cristo, a figura do professor está presente no meio social, onde o mesmo fazia o papel de mestre no mais elevado grau de perfeição, suas aulas eram preparadas para a vida, no livro de Mateus 28: 19, 20 deixou eternizado suas palavras, dizendo “ide e ensinai a todos”. Contextualizando com a realidade dos atuais professores, vemos o quanto muitos tentam guerreiramente seguir esses ensinamentos no cotidiano com seus alunos, indo para a sala de aula no intuito de ensinar a todos, enfrentando diversos empecilhos, entre estes o descaso do poder legislativo no que tange as questões salariais e plano de cargos e carreiras.


No sábado, 17 de setembro de 2011, na sessão da câmara dos vereadores do município de Tutóia, um grupo de professores se fez presente para simplesmente pedir uma cópia do projeto sobre o estatuto que trata do funcionalismo público e plano de cargos e carreira do professor. Na ocasião, os vereadores presentes não atenderam a solicitação desses profissionais, um disse que não sabia sobre esse projeto, mas seu colega logo tratou de tirar sua dúvida, lembrando-lhe que tal projeto teria sido votado na sessão ocorrida na ilha Grande dos Paulinos, localidade com acesso exclusivo por via marítima, e com dificuldade de traslado devido a falta de embarcações. Imaginemos como pode uma casa, que usa como slogan a frase “casa do povo”, votar um projeto de total interesse de uma classe e covardemente concluírem uma votação sem ao menos cumprirem com a formalidade de convidar um representante do sindicato dos professores e servidores públicos para participarem, se esse projeto realmente foi votado, pode-se dizer que é um tanto quanto ilegal.


Aqueles que deveriam defender, fiscalizar, legislar e atender as necessidades e solicitações de quem os elegeu, demonstram o contrário, evidente que alguns deles ficam neutros, mas quem cala consente e é passivo a situação. Refletindo sobre esse descaso, as vezes torna-se algo cômico, vejamos: o professor teve assegurado um piso salarial nacional de R$ 1.187 ( já com reajuste) através da lei 11.738/08, para trabalhar 40 horas semanais, com planejamento e várias atribuições inseridas pelo próprio governo as suas responsabilidades; os vereadores, até onde consegui informações, tem um salário de “3. 800 reais” ( mais verba extra para assessores), para se encontrarem uma vez por semana, no sábado pela manhã, isso quando dá quórum, somente para se encontrarem, pois trabalho em favor do bem coletivo de todos os tutoienses, não se vê, e quando aprovam projetos, como no caso dos professores, é escondido de quem mais interessa, e quando estes tão sofridos e perseguidos trabalhadores se deslocam até a já mencionada “Casa do povo”, são vistos como baderneiros, tendo que chamarem até a guarda municipal, em outro caso que aconteceu há mais de um ano, até a polícia.


O que mais revolta qualquer cidadão, é vê o quanto os esforços de tantos profissionais na busca por aperfeiçoamento são colocados em prova e banalizados por birra. São tantas etapas que devem ser galgadas para alcançar melhorias, tempo gasto com preparações, tudo visando desenvolver uma prática educacional melhor fundamentada, onde o processo de ensino aprendizagem ocorra de maneira que leve progresso a educação da cidade. Todo esforço é encarado de modo fútil por nossos representantes, sem preocupação com uma educação de qualidade, até porque a cegueira causada pelo capital perverso, e o status prazeroso de feudo, não os deixam mais perceber que só acontecerá um verdadeiro progresso da cidade, quando primeiro houver um progresso humano, e dificilmente isso acontecerá sem a participação maciça dos profissionais da educação.


Em Tutóia, ao que tudo indica, vai chegar o dia que vamos retroceder e ter que pintar a cara e sair nas ruas reivindicando nossos direitos. Agora é muito estranho, o motivo de enrolarem demasiadamente e negarem uma simples cópia de um projeto votado as escuras, onde o maior interessado e néctar do texto aprovado não pode ter direito de saber do andamento da carta que irá reger sua profissão, quem está certo os professores ou os vereadores? É no mínimo um caso de encabular. Engraçado que um “nobre” vereador com a “bagagem” que tem, achou-se no direito de exclamar: “Os professores não sabem o que querem!”, esse foi muito infeliz na sua indagação, pois se os professores não sabem o que querem, quem vai saber? Tenho plena certeza que a equipe composta por noves efervescentes legisladores, unidos e unânimes nas suas votações, não vão saber e nem mostram interesse em pelo menos defender as causas tão justas dos professores. É mais fácil um camelo passar pelo orifício de uma agulha!


Engraçado, um dos noves vereadores que tem um sonho utópico de um dia ser prefeito, olhou para uma professora que se fazia presente na sessão e perguntou-lhe: “até você está nessa?” e a professora olhou-lhe e respondeu: “estou atrás dos meus direitos.” Isso devido a mesma ser parente de uma funcionária do alto escalão do governo. Apesar de ser triste, a vontade de rir é grande, só não é maior do que a ignorância de quem fala e pensa arcaicamente. Aos caros amigos professores que estão de frente nessa luta, deixo a frase do grande defensor da educação Darcy Ribeiro “ Na soma de minhas batalhas somei mais derrotas do que vitórias, mas horrível seria, se tivesse ficado do lado dos que venceram essas batalhas.”Da mesma forma como iniciei esse texto com uma frase bíblica, finalizo com outra e deixo como demonstração de minha consideração com o próximo, mesmo quando estes agem de forma errônea. Utilizo a frase universal falada por Jesus a beira da morte, do livro de Lucas 23: 34 “ Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo.”













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