Flávio Merequeta e alunos do CASIMIRO DE ABREU |
DO BLOG LETRA DE PROFESSORA
O programa iniciou com as boas-vindas do FLÁVIO MEREQUETA aos convidados: os alunos Francisco Vítor, Elaine e André, do 1º ano A vespertino, do CE Casimiro de Abreu, e eu, Prof. Gabrielle Ramos.
Em seguida, foi explicado sobre o termo TUTOIÊS e de onde surgiu a ideia da pesquisa."1. O que é o Tutoiês?
Faz parte de uma pesquisa sobre a linguagem falada pelos tutoienses no dia a dia. O Tutoiês se refere ao modo de falar tutoiense que chega a ter expressões marcantes.
2. Por que tem esse nome?
Como se trata de variações na nossa língua portuguesa, a palavra TUTOIÊS, é uma aglutinação da palavra TUTOIA + o sufixo ÊS (de Português), como acontece em cearês, amazonês etc. que se referem aos falares típicos dessas regiões brasileiras.
3. Como surgiu a ideia?
A ideia surgiu em algumas aulas de Língua Portuguesa cujo conteúdo envolvia conceitos de Linguagem, Comunicação, Norma Culta e Coloquial, e Variações Línguísticas, como parte do currículo do 1º ano Médio. Percebendo a variedade de termos e palavras até mesmo entre os alunos, decidi propor a eles o desafio de listar as expressões faladas em Tutoia, inclusive porque um dos textos que lemos em sala tratava do falar ludovisense e os alunos gostaram muito. Esse texto faz parte de um estudo sobre o falar maranhense desenvolvido pela UFMA, chamado Alima."
Continuando, explicou-se como foi feita a pesquisa:
"4. Como foram feitas as pesquisas?
Depois de explicar o objetivo dessa pesquisa, pedi aos alunos que ouvissem e anotassem certos termos em casa, entre amigos, na praça etc. no dia a dia sem se preocupar em corrigir. Dei um prazo e no dia combinado, organizei as turmas em grupos, para seleção e análise das expressões. Após alguns dias fazendo esse trabalho, organizamos em ordem alfabética, escrevendo o significado de cada termo e de cada palavra listados."
Flávio Merequeta pergunta sobre os objetivos do TUTOIÊS:
5. Qual o objetivo desse trabalho?
O primeiro deles é registrar a identidade lingüística ao tutoiense. Outro objetivo é mostrar aos alunos, que são tutoienses da sede e de outras localidades de Tutoia, que a língua é um sistema dinâmico, ou seja, ela se modifica conforme variantes de gênero, de idade, de classe social, de região. E o principal objetivo é desmistificar a ideia de que só o padrão da gramática é que deve ser usado e tido como certo. Os alunos precisam conhecer a fundo a sua língua, e não se sentirem diminuídos, pois não existe falares melhores que outros, não existe língua melhor que outra. Existem maneiras diferentes de falar, de usar a Língua Portuguesa, uma prova disso são os sotaques e as variações de sentido das palavras conforme a região em que são faladas. Por exemplo, o cajá falado aqui, é conhecido no NORTE, como taperebá. Além disso, registrar num minidicionário.
6. É certo falar TUTOIÊS? Ou seja, não é feio falar “nóis rai pra rua!”?
Não se pode dizer se é certo ou errado. Quando uma pessoa nasce e cresce em uma família, em uma comunidade onde todos falam “nóis droba”, para esse indivíduo o padrão é esse, portanto ele só conhece essa forma, que para ele é a “certa”. Ao invés de falarmos em “certo e errado”, a lingüística (que é a ciência da linguagem e no nosso caso, a sociolingüística) prefere falar em “adequado e inadequado”. Antes que os puristas da gramática me trucidem, adianto que é na escola que o cidadão terá acesso à norma padrão culta, e é responsabilidade da escola ensiná-la. Mas também é na escola que se devem aprender as situações adequadas de uso dessa norma padrão culta, que tal qual a norma coloquial (aquela usada no dia a dia), também exige situações específicas de uso, como em situações formais de fala mais monitorada.
Foi explicada ainda a importância da Gramática...
"7. Qual a importância de se estudar a Gramática e aprender a norma culta?
A gramática estabelece um padrão de fala e escrita, ditando as regras para que em situações formais, essas regras não sejam desrespeitadas, para o uso eficiente da Língua. Mas a gramática é como se fosse um sapatinho de cristal, ela só cabe a algumas situações e à escola além de ensinar com eficiência as regras gramaticais deve esclarecer suas situações de uso. Não se pode tomar como certo, somente o modelo gramatical. Pois tudo o que foi registrado no Tutoiês existe, e existe porque é falado pelo povo, que consegue assim se comunicar. "
FLÁVIO MEREQUETA pergunta sobre aprendizado dos alunos...
Os alunos Francisco Vítor (de amarelo), Elaine e André, com Flávio Merequeta
"8. O que os alunos aprenderam com esse trabalho?
Aprenderam que não é vergonhoso, nem feio falar TUTOIÊS, ou seja, se em casa a mãe diz: "-- Mininas, rá drobaro a roupa?" E a filhas respondem: " -- Rá drobemo, mãe!", isso não pode ser taxado de feio. "
Sobre a I FEIRA DE LÍNGUA E LITERATURA...
9. Quando será a FEIRA?
Dia 30/08/2011 das 16h até as 21h. A Feira é o resultado dos trabalhos desenvolvidos no primeiro semestre pelas professoras de Língua Portuguesa do "Casimiro de Abreu", professoras Lourdes Ramos, Gracinha Meneses, Valéria e eu, em Literatura e Linguagem. Além disso, faz parte do calendário de atividades extra-classe promovido pela escola.
10. Haverá outra edição do minidicionário?
"Sim, está sendo escrito um livro mais detalhado, com análises sobre os falares tutoienses e com a revisão da 1ª edição, acrescendo mais palavras e termos."
A entrevista foi concluída com os agradecimentos e a leitura do "TUTOIÊS em versos", já publicado neste blog.
capa do minidicionário TUTOIÊS |
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