Presentes para Tutoia? Ela merece: Cuidados e bons tratos!
Há pouco tempo tive um encontro com as músicas e poesias de um tio, já falecido, que me deixaram de queixo caído. São obras muito bem escritas e com muita transparência com a sensibilidade do autor, pois quem as escuta consegue senti-las. Nonato Freitas foi um artista dos bons, e como é de costume nesses casos, estava intelectualmente bem à frente de sua época. Ele amava Tutoia, idolatrava a terra e as pessoas que aqui viviam, logo, não faltavam elogios e declarações de amor. Mas creio - falo apenas por mim - que hoje em dia ele estaria mais preocupado com o que estão fazendo com sua amada Tutoia do que em fazer declarações apaixonadas. Aos 74 anos após sua emancipação, Tutoia está precisando de gente como ele, intelectual, que goste daqui, e com toda certeza gostaria apenas de lhe fazer bem, e – novamente - com toda certeza repudiaria tanta gente que só lhe faz mal.
Já está mais do que na hora de Tutoia se tornar o que há tempos se espera dela: uma cidade de verdade. Deixar de “nem parecer” para ser! Já está na hora de nós, cidadãos tutoienses, escolhermos líderes que realmente se importam com nossa terra e gostem dela. Mas não se enganem. Gostar de Tutoia não é fazer o que todo mundo gosta, não é embriagar sua gente, ludibriar quem trabalha de verdade! Gostar de Tutoia não é encher as ruas com concreto mal feito, não é privar seus moradores de uma água saudável. Gostar de nossa cidade é sim fazer o que é preciso, por um bem maior, pelo bem dessa terra, e aí sim, sua população será beneficiada. Não queremos - falo por mim e por outros que gostam dessa cidade – uma terra mal falada, mal vivida, muito menos maltratada. Desejamos um feliz aniversário, com bolo, velas, convidados, balões, docinhos e lógico, bons presentes. Mas também queremos mais respeito com essa donzela, mal vestida sim, porém que deseja mais asseio.
O que se observa nessa terra pequenina? Será para sempre um lugar sem vaidade? Sempre assim mesmo, tão modesta, sem requinte? De riqueza temos o quê? A natureza; o por do sol, o vento nos coqueiros e sabiás? Sim, claro, são riquezas nossas, mas quem desfruta delas? Quem as valoriza? Quem as respeita? O povo dessa cidade merece mais. Mais que serestas. E as margens das marés, seus barcos pesqueiros? O porto que tanto recebia embarcações, lá, na margem da favela. O que fizeram com o porto, nosso mar, nossa “prainha”? Tutoia virou as costas para o mar e ninguém se importa! Tutoia está recusando o mais valioso presente já lhe foi oferecido, sua maré. Além de falta de educação, é também uma ofensa aos seus moradores. Deixamos de ser um mapa juvenil, não pintamos mais sua aquarela.
Não é difícil gostar dessa cidade. Em três anos que vivo aqui virei dependente de sua atmosfera, de seu solo e de sua natureza. Em seu aniversário Tutoia está de parabéns. Merece todos os carinhos oferecidos, realmente, é uma guerreira, uma terra forte. E por gostar muito daqui, é que desejo mais que parabéns pelos seus 74 anos, quero também que Tutoia se torne o que já foi: uma terra que simbolize decência, inteligência, honra, moralidade e acima de tudo, honestidade. Por isso, só parabéns não basta. Nada de fogos, festa ou hinos tagarelados, o melhor presente que Tutoia deverá receber será uma imensa limpeza!
- A começar por nosso verde manguezal, beira da praia, margens da maré, igarapé, coqueiros, cajueiros, quintais, cacimbas de beber, capoeiras...
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