segunda-feira, 21 de maio de 2012

Em 2011, Maranhao foi o quinto estado em denúncias envolvendo crianças e adolescentes, com 4.686 ocorrências

 O Imparcial

A última sexta-feira, 18 de maio, marcou o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, estabelecido por uma lei federal de maio de 2000. De acordo com dados do serviço Disque Direitos Humanos (Disque 100), em 2011 o Maranhão foi o quinto estado brasileiro com maior número de denúncias envolvendo crianças e adolescentes. No total, foram 4.686 casos, que representam 5,7% do total de denúncias em todo o país.

Apenas na modalidade de violência sexual, foram 1.551 ligações recebidas dos municípios maranhenses, que denunciavam ocorrências de abuso e exploração sexual. A Região Metropolitana de São Luís concentra o maior número de ocorrências, com 507 denúncias de abuso e 91 de exploração sexual no ano passado.

Em entrevista a O Imparcial, a delegada titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Igliana Terezinha de Freitas, informou que, diariamente, no mínimo três ocorrências são registradas naquela delegacia especializada. As comunicações de abuso e exploração são feitas tanto por iniciativa dos familiares das vítimas, quanto através de encaminhamento pelos Conselhos Tutelares das áreas onde ocorreram os crimes, ou por outros órgãos de defesa dos direitos de crianças e adolescentes, como o Ministério Público e a Defensoria Pública.

Segundo a delegada, os delitos cometidos pelos agressores são previstos no Código Penal Brasileiro (CPB) e no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). A responsabilização do agressor e as medidas preventivas solicitadas pela polícia são definidas de acordo com cada circunstância, como são exemplos o estupro, a exploração sexual ou a divulgação de imagens pornográficas pela internet. Igliana de Freitas esclareceu que na maior parte dos casos o agressor é alguém em quem a criança deposita confiança, sendo o padrasto, o próprio pai, outros familiares e professores os mais frequentes autores dos crimes. Nos depoimentos à polícia, é comum que os suspeitos neguem a autoria do crime, mesmo nos casos em que são apanhados em flagrante.

Para Igliana de Freitas, que divide com mais dois delegados as apurações das ocorrências na DPCA, atuar nesse campo de investigação policial requer um elevado autocontrole, a fim de o responsável pelo inquérito não se deixar levar pela emoção e perder a razão diante de casos tão delicados, que envolvem vítimas vulneráveis. Muitas vezes as pessoas agredidas não denunciam a violência, por conta da própria proximidade do agressor, ou simplesmente por não terem consciência de que estão sendo abusadas ou exploradas.

Respondendo pela Promotoria de Justiça Especializada em Crimes contra a Criança e o Adolescente, o promotor Arnoldo Jorge de Castro Ferreira disse que o aumento de casos de violência contra crianças e adolescentes é reflexo das condições socioeconômicas da população, do estresse da sociedade moderna e da crescente corrupção moral. Segundo ele, essa situação requer medidas judiciais urgentes que envolvam tanto a responsabilização do agressor quanto a proteção à vítima. Afirmando sentir-se incomodado com a natureza dos casos que acompanha, pela fragilidade das vítimas, Arnaldo Jorge Ferreira ponderou que a condenação justa do agressor serve como compensação para quem exerce uma função nessa área.

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